sábado, 4 de agosto de 2012

Um cidadão do mundo dividido entre a terrinha e um amor brasileiro

Vanessa Irizaga para o Portal Satc

Muitas pessoas têm receio de mudar. A modificação pode ser uma transformação radical ou uma pequena mudança, mas o certo é que talvez por medo do novo, do desconhecido, do apego äs velhas idéias, ou mesmo pelo conforto que uma realidade consolidada proporciona – nao há a necessidade de ações, mas existe a acomodação – é mais fácil repelir uma mudança do que se aventurar pelo desconhecido, por mais fascinante que a oportunidade seja. Quando o receio é maior que a vontade, as oportunidades se perdem...


Não é o caso, porém, do aposentado Fernando Augusto Gomes Barbosa que jogou tudo para o alto em Portugal e se deixou levar pelo amor de uma brasileirinha. Depois de quatro casamentos, o português ainda encontrou fôlego para encontrar uma nova paixão, construindo uma nova história ao lado da esposa, habitante de Araranguá, cidade do sul de Santa Catarina.

 Antes de largar negócios, casa, familiares e toda uma existência na terra portuguesa para embarcar para o Brasil, Fernando colecionou ricas memórias, recortes do envolvimento social e acadêmico vivido entre Porto e Coimbra , localidades onde o engenheiro respirou política e história por anos.

Fernando nasceu em São Joao da Madeira, distrito de Aveiro, e com 15 anos foi estudar na cidade de Porto, tendo que deixar os parentes para se dedicar aos estudos, algo que ele tomou gosto desde cedo. Antes de partir, o empresário colecionou momentos intensos.

Da educação,  Fernando recorda-se da disciplina paterna, na qual não havia muito diálogo, mas do pai, o empreendedor Manoel Barbosa, ele herdou todo o engajamento necessário para lutar contra a ditadura que assolava Portugal e reduzia os direitos dos cidadãos.


O aposentado integrou o movimento acadêmico de Coimbra e o genitor foi seu grande inspirador para não desanimar pelos ideais. O jovem Barbosa fundou ainda o Partido Social Democrático Português, em 1961.
 O olhar critico para a sociedade e preocupação com o coletivo sempre estiveram ao lado do português. O empresário vivenciou também a representação mais animalesca do homem: a guerra. O militante prestou serviço militar na África, guardou para sempre os flagelos que o conflito reuni.


“Sou radicalmente contra a qualquer forma de violência, tudo se resolve com conversa. Depois de morrer várias pessoas é que resolvem o impasse com diálogo, mas porque não resolveram assim antes?”.
 
Depois de viagens pela Europa, África e Norte de Sevilha, o lusitano casou-se com um amor de juventude. A união resultou na primeira herdeira; do segundo casamento surgiu a outra filha. Hoje o ex-combatente de guerra tem três netos. Apesar da família grande, o português resolveu casar novamente. E o primeiro encontro não poderia ter sido mais inusitado.
 “No sul de Portugal, em uma região onde as pessoas deixam o campo rumando para a cidade,  havia um barzinho, onde Rosana – sua esposa – estava. Aí perguntei: - Mas o que tu estas aí a fazer?. Ela respondeu: - Estou a serviço!”.

A amada, descendente de duas famílias tradicionais portuguesas, a Borba e a Porto, já tinha filhos e retornou ao país verde e amarelo. Seu Fernando veio junto e, por amor, acostumou-se ä realidade da nação que outrora foi colônia de sua terra natal. A palavra costume não traduz exatamente bem o estado de espírito do aposentado, mas ele tenta, apesar do choque cultural, conviver com as diferenças.

Quando estava se habituando ä realidade do Vale do Araranguá, uma notícia: os filhos da mulher moram em São Joao do Sul e é provável que, com a venda da casa, a esposa vá morar na cidade. E Fernando? Vai com a mulher, claro. Está espantado? Como bom cidadão do mundo que é, e eterno colecionador de histórias, Barbosa não foge de uma boa aventura. É o português, em outros tempos, outra época, explorando a terra tupiniquim, mas eternamente repleta de mistérios desde o descobrimento.











 

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