domingo, 17 de outubro de 2010

Uma jovem estudante, uma grande vencedora


A universitária Maryele Marcolino Cardoso passou por vários momentos difíceis desde a infância, mas enfrentou as dificuldades com persistência e muita alegria de viver.
Por Vanessa Irizaga
Há muita gente que, mesmo passando por dificuldades, não perde a força de vontade e vive cada dia com a perseverança de melhorar ainda mais. Guerreiros de espírito, homens e mulheres que são verdadeiros exemplos de vida estão espalhados por todo o país e, muitas vezes, acabam levando alegria a outros do ambiente em que estudam ou trabalham.

A estudante Maryele Marcolino Cardoso é uma dessas pessoas que enfrenta os empecilhos da vida com muita força interior não deixando a alegria de lado. Mary, como é chamada pelos colegas e amigos, é uma jovem universitária de Jornalismo em busca da realização dos sonhos e da superação das próprias limitações.

A moça nasceu com um problema que dificultou a locomoção durante boa parte da infância e adolescência. A mãe de Mary havia sofrido uma queda durante a gravidez e a estudante acredita que o fato talvez tenha contribuído para o desenvolvimento da enfermidade.

Maryele tem pseudartrose na perna esquerda, doença que compromete a regeneração dos ossos nas articulações e fragiliza a estrutura. A garota ainda pequena teve que implantar a ilizarof, um aparelho de ferro na perna e passar por 11 cirurgias. “Minha mãe sempre esteve do meu lado, buscando os melhores tratamentos, que não eram fáceis, muito longos, mas sempre me dando força”, conta.

Muletas, gesso e recordações
A universitária lembra-se de momentos agradáveis de quando era pequena, mas se lembra também de um episódio em que se sentiu discriminada por um professor de educação física. O docente falou para os outros colegas afirmações sobre os portadores de necessidades especiais em geral que a deixaram magoada na época.

“Falta muita conscientização das pessoas, porque o deficiente, muitas vezes, é visto como o coitadinho e que não consegue trabalhar e nem ter uma família. As pessoas não sabem como tratar e como é a vida de um deficiente”, destaca Mary.

Como sempre esteve envolvida com questões médicas e por ser, como Mary mesma diz “muito moleca”, quando entrou finalmente na adolescência ainda brincava de boneca e nem ligava para garotos.   “O adolescente já tem aquela insegurança e ter um ‘motivo’ a mais de certa forma contribui mais ainda. Com o tempo, tu vais ganhando personalidade e essas coisas vão mudando”, afirma.

A estudante tem também Neurofibromatose, doença que provoca manchas na pele e tumores benignos ou malignos. Em fevereiro deste ano, Maryele descobriu que tinha um pequeno caroço na perna e procurou o médico, que tranqüilizou a garota.

Desafios
No entanto, quando a estudante viajou a São Paulo para continuar a avaliação médica, o outro profissional a fez desistir de uma cirurgia e remarcar o procedimento para realizar no outro estado. Mary fez a cirurgia e na biópsia foi constatado que Mary tinha um tumor maligno. E fez mais uma operação para retirar parte do câncer no dia 23 de setembro.

Agora a garota espera a resposta dos médicos, porque talvez tenha que fazer sessões de quimioterapia, mas Mary está otimista, porque há possibilidade de que só a cirurgia tenha removido o tumor maligno. Mesmo assim, a moça tem que procurar um oncologista para realizar um acompanhamento.

Atleta e blogueira
Maryele tem algumas paixões na vida. “O ano passado veio a oportunidade de fazer caratê e como eu era apaixonada por lutas, eu resolvi fazer. Me apaixonei pela filosofia e comecei a praticar. O caratê foi um grande desafio. Mas só trouxe benefícios e quero levar para toda a minha vida”, elucida. Mary também participa do grupo de handebol de cadeirantes da Satc.

A universitária quer conciliar a carreira de desportista com o trabalho de jornalismo.  “Quero um dia casar, ter filhos, mas daqui há uns dez anos. O que eu penso mais é na carreira”, ressalta.

A moça criou há um tempo o blog Palavra de Guria, onde escreve sobre experiências, livros e ainda poesias próprias. Mary pensa ainda mais longe: quer  publicar uma biografia, contando a trajetória de vida.
“Desde pequena eu gosto de escrever histórias que eu já tinha passado ou que haveria de passar, porque eu não tinha acabado o tratamento médico”. Força de vontade e determinação não vão faltar para que Maryele alcance todos os objetivos que deseja.

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