Fotos: Vanessa Irizaga |
Luta dos cidadãos que possuem necessidades especiais por mais participação na sociedade ainda se faz presente, principalmente buscando a aplicação de leis específicas.
Por Vanessa irizaga
Segundo o presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiências, Carlos Antônio Mello, há preconceito principalmente quanto ao mercado de trabalho.
“Nós do Conselho cobramos para que as leis sejam cumpridas. Há uma lei que obriga as empresas a colocar pessoas com qualquer tipo de deficiência, cerca de 5% no quadro de funcionários. Muita gente não sabe das vagas também”, explica.
Quanto à educação, o presidente do Conselho comenta que os pais contam que os filhos já sofreram maus-tratos de colegas da classe em escolas não-especializadas em deficiências. Além disso, há a falta de estrutura física dos ambientes escolares e, por essas razões, os pais resolveram colocar os jovens em entidades como a Apae.
“Há mães que reclamaram que os filhos chegaram roxos em casa e ou foram xingados. A escola não está preparada, mas se deve cobrar do Estado, mas ele nunca vai assumir o dever que é dele. Seria importante uma integração das crianças com deficiência com as outras colegas, e os estudantes freqüentariam a Apae, por exemplo, para um reforço”, explica.
Um futuro jornalista
O acadêmico Gustavo Aléssio Duminelli sabe como é o cotidiano de alguém que possui uma necessidade especial. O rapaz de 28 anos enxerga apenas 20% da capacidade total da visão, mas hoje é totalmente independente dos pais, embora a mãe continue ‘coruja’ com o jovem.
A mãe do universitário foi atropelada durante a gestação e, mesmo com a queda, o médico que a acompanhava não solicitou exames. O rapaz nasceu com toxoplasmose, mas talvez a doença pudesse ter sido evitada se os exames fossem feitos.
Gustavo revela que hoje em dia não sofre preconceito, mas durante a infância recorda-se de um episódio onde se sentiu discriminado. “Minha professora colocava uma luz mais forte na sala para eu enxergar e algumas mães de colegas não concordavam. Eu não ligava”, conta.
Para o jovem, uma das dificuldades mais sentidas é a falta de recursos no transporte público. “Na hora de pegar um ônibus, eu não enxergo o letreiro de longe. Já perdi até condução por causa disso, porque os letreiros são pequenos”, destaca.
Duminelli está na quarta fase da faculdade de Jornalismo e diz que se interessou de fato pela profissão quando participou da cobertura de uma eleição. Na faculdade, o rapaz estuda com o auxílio de lupa e telescópio. As provas são impressas no tamanho de letra 18 e 20 para, permitindo ao jovem visualizar as palavras.
O acadêmico deseja trabalhar em uma rádio, a mídia que mais gosta. “Estou esperando uma oportunidade, ainda não estou preparado, mas estudando”, ressalta.
Deficiência e capacidade
Para o presidente do Conselho não são as pessoas que têm deficiência, mas o meio em si. “A pessoa com deficiência tem capacidade, mas o ambiente não está preparado para as necessidades que ela possui”.
O próximo passo do Conselho é analisar as referências sobre acessibilidade e igualdade da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) e fazer um trabalho de conscientização para a sociedade no ano de 2011.
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